domingo, 20 de dezembro de 2009

Flying - Blindness





O ambiente era hostil, mas ansiavamos pela viagem. Queriamos descobrir qual era o final de "tudo", e as consequências que isso traria em experiências futuras . Talvez a idéia de explorar trilhas através de cânions, seria um tanto quanto: "extrema". Mas a necessidade era de: transcender, poder dissipar na terra que circunda debaixo das unhas; poder sentir a sobrevivência de uma planta que insisti em crescer fora de seu ambiente natural. Enfim, ver até onde suportariamos fadados ao meio, e a nós mesmos. Simplesmente, não pegamos nada, juntamos o pouco que tinhamos (nós), e nos perdemos no caminho de poeira que para nós nunca acabaria.

Nas primeiras pedras que avistamos, tudo tinha o brilho do novo, por isso não nos importavamos em transpirar, perder. Talvez era isso o que realmente nos mantinha firme, ânsia de não se importar com o que estava ao redor, com o que ensistia em martelar e tornar latente. Entretanto, o sol estava sangrento e nunca coagulava, tudo acabou quando ele tocou ao chão e misturou o vermelho sólido da terra com o vermelho líquido de suas queimaduras.

Ao notar o que aconteceu, percebi que distância entre um passo e outro ficava menor. As mãos dela suavam como se estivesse sentenciando algo, ou alguém (logo eu entenderia). Eu não posso dizer como ela estava, pois os sentidos as vezes nos enganam, e minha visão havia sido perdida após os anos, as cataratas ainda escorriam pela face.

O caminho ficava cada vez mais denso, sentia as depressões nos meus pés misturadas com a pó do ambiente. Mas eu simplesmente andava, como uma máquina condicionada a realizar um tipo de trabalho. Perguntei, onde você está me levando? E o silêncio se misturou ao eco daquele local. Eu pensava em diversas maneiras de atingila, porém, me dei conta que o calor de seu corpo estava acabando, e a superficie de contato de sua mão, cada vez mais era menor. Era um préludio do fim.

Ao chegar determinada altitude, ela parou. Mesmo assim, continuei a caminhar, mesmo não ouvindo mais seus passos. Caminhei, até que senti uma ausência de chão - parei. Olhei para trás, sentia que alguém ainda me observava - sorri. Sorri, sim! como se nada mais importasse; sorri, como se pesadelos fossem sonhos; como se as manhãs fossem pôr do sol. Mas, a minha simetria acusava: "ela teria coragem de conduzir um cego ao abismo!", porém, fiquei com minha convenção, mesmo que ela tivesse em desvantagem. E assim, dei o próximo passo ao nada. Estava tão pleno e lúcido do que queria fazer que degustei a ausência de superficie como alguém que devora o alimento com fome.

Entretanto, a certa altura, senti que não poderia mais voltar - retroceder. E neste exato momento cresceram-me asas, uma reação histéria e evolutiva à situação, uma adaptação rápida e continua ao meio que ensistia em conspirar contra meu favor. Aquela mistura divina de medo, fez com que eu voasse com asas do desespero até o sol. Segui meu destino ao pó, como súplica e concessão; dor e libertação; desespero e REDENÇÃO. Os meus restos povoaram os cânions, e fizeram parte do sol e do solo, as únicas coisas que realmente não me abandoram no trageto.

sábado, 24 de outubro de 2009

Dark Room - "Decadance"


Todos de casa foram viajar. Meus amigos tinham destinos certos, não quis incomodar. E assim seguiu, procurei aceitar a situação e o dia. Quando a música começou, senti os pequenos impulsos surgindo, vencendo a inércia. Tudo ficou tão latente, e como uma ultima saida: dancei, em meio a tristeza do conformismo misturado ao marasmo. Eu dancei. Dancei sozinho no quarto escuro....estava pleno de tudo, de tudo. Os passos da felicidade momentânea eram traços marcantes em cada compasso, pulsavam como cada sonho e amor que eu perdi. Em meio as tragetórias curvilineas, eu via fragmentos de kant, virginia woolf, joy division, pink floyd e alguns livros e cd's aleatórios fora de seus respectivos locais. A melancolia consciênte e madura é algo realmente fascinante, contemplar o próprio processo de estar procurando algo que você sabe que não existe é algo realmente sem "sentido" ( o mais irônico, você ainda tem esperança de achar, risos cínicos). Vinil estalando, anunciando seu término (hora de mudar de lado). E tudo começa de novo, entre as lágrimas enxugadas pelo vento e a dança, alguns sorrisos de estar bem, pulsante, vivo, sobrevivendo, pleno - "calado". Mas, tudo era festa, adoro dar festas! Principalmente onde os confetes jogados são todas as derrotas que tive até hoje, "Decadance". Eu estava no controle, ou pensei estar, mas o importante era deixar que toda a dissonância gerada pelas guitarras me transportassem pra um sonho acordado e lúcido. Porém, no apogeu, a música acabou, como em todos os sonhos...quebrado o clima de autoreflexão, me rendi a os olhos que insistiam em fechar e ao cansaço escorrendo pelas mãos. Contemplei os tons de cinza.


Obs.: A propósito, os versos: "tua tristeza é tão exata, e hoje em dia é tão bonita", nunca fizeram tanto sentido em minha vida.



domingo, 11 de outubro de 2009

Changes



Você se dá conta que está tudo fora de lugar quando começa a tropeçar nas coisas desajeitadas. No meu caso, eu tropecei e cai em mim mesmo. Senti que era hora de mudar, e mudar de vez. Achei que tinha que respirar mais, então, cortei as fumaças que se contorciam à minha frente, desejando que elas so aparecessem em momentos que eu realmente quisisse estravazar. O branco tomou conta, e minhas vestimentas não aqueciam mais como as outras. Até que um corpo machucado tem lá suas vantagens, agora, entro em qualquer roupa, e aproveitei essa nova chance de ter mais escolha e adotei uma postura "clear". Mas a saudade era latente, a tarefa mais dificil foi não dar o primeiro passo de sentir as roupas que ainda estavam lá. E foi isso, as metáforas não acabaram, só estão quietinhas, esperando a hora certa pra bater na porta.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Flores

Flores deixadas sobre a carteira, algumas letras juntas simbolizando um possivel afeto platônico. Foi o dia, acontecimentos inesperados dispostos em ordens diferentes. Um possivel intervalo, uma surpresa em "random". Desde o início tinha uma "leve" suspeita de quem era, pensei comigo: Ah, o verde e a pele de neve me perseguem, isso já é uma sina, mas "whatever"! Contarei do inicio. Acordei em meio ao marasmo do primeiro pensamento do dia, me animei com o café e nesta manhã o cigarro não fez parte do "menu" (já começa por ai). A suposta anorexia ainda é latente, mas fazer o que, tudo na minha vida pulsa demais. Após uns minutos, Chego em meu destino, a posto pra dar continuidade as coisas (literalmente), esqueço algumas horas a derrota. No término, parto em busca de possiveis refeições(café e cigarro). Entretanto, o gosto do cigarro estava amargo, e o café estava "forte" demais. Resolvi jogar, e a seguinte ação inesperada, regugitando palavras, falei: Um suco, por favor? Acredite, isso foi estranho até pra mim. Peguei minha bolsa e fui pra o lugar onde eu comprei horas pra estar. Sento, tudo corre normal, até a volta de uma pausa esperada. Flores sob a carteira em meio a um papel. Certamente, já sabia de quem era, o sorriso oscilante de quem está a espera de algo é sempre muito transparente. Entretanto, não podia escrever no seu verso pra mandar de novo. E com uma ação altamente decidida pra futuramente jogar o bilhete... a fiz. Percebi que as flores feneceram na hora, e seu sorriso que antes oscilava ficou continuo como riscos brancos em céu azul. Ela confiava tanto em suas intenções e na sua beleza, que deixou de imaginar que o bilhete seria lixo um dia, e assim, recebeu a negação, fiz tudo parecer casual pra não machucar, um breve gesto pra jogar o bilhete de canto, e uma belo sorriso sério de que suas intenções não foram aceitas. E um tchau de indiferença...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lucidez


Entre as reminscências ainda recentes, o dia começou anônimo (como todos os outros). Se era pra aceitar, o fiz. Troquei a sensibilidade pelas horas extras, e vendi meus últimos segundos pra não pensar no gosto da derrota. A friagem escorre pelas frestas dos circuitos integrados, as unicas coisas que me iluminam nesses dias foram pequenos leds estragados que piscavam aleatoriamente. Eu aprendi muitas coisas que agora não fazem mais tanto sentido, talvez vencer seja um estado! Sorria! É assim, quando sua realidade paralela é a própria realidade. Acendo um cigarro pra chegar mais rápido a um lugar do qual eu compro horas pra estar nele. Resolvo parar, só pra constar se ainda respiro - continuo. Tudo latente, o imenso sorriso quebrado pela porta de vidro, uma ajeitada no cabelo e o silêncio que domina. Alguns "ois" forçados, e começa a tão esperada inércia retida. Entre histórias, contas, regras e leis, você fica com o que lhe convém (ou o que você acha); Entre as afinidades de assuntos um leve conforto, pra terminar com um longo sinal que minhas horas compradas acabaram...

sábado, 3 de outubro de 2009

Dissipando


Escolha milhões de maneiras pra se dissipar. Até que o último feixe de luz seja completamente invisível, até que os últimos sonhos já não façam tanto sentido. Até o que você chamava de chão virar um grande abismo. Dissipe! Não se preocupe, no final das contas não é o quanto você conseguiu brilhar, e sim, quão intenso isso durou. Se perca como a luz em seu próprio tempo, durma enquanto você é levado por algo desconhecido. Eu sei que estás cansado, mas não se culpe de ter comprado a passagem para o mesmo lugar de sempre. É assim mesmo, não temos tempo para admirar a paisagem. Queime! E quando tudo estiver acabado, sorria, frente as suas cinzas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Hands"




Ele levantou da mesa, com o rosto cortado frente a porta de vidro. Suavemente pegou o casaco de sua companhia e a vestiu de forma carinhosa. Assim, deu sua mão pra ela, de forma que ela facilmente a tivesse. Seguiram até o carro, ele abriu sutilmente a porta pra ela, entre sorrisos e felicidades eles sairam. Imaginei o quanto eles sofreram pra chegar naquele estado, naquela calmaria, os invejei como nunca. E ao mesmo tempo fiquei feliz, pelo menos há alguma coisa pra se espelhar. Mas, eu sempre bato na mesma tecla: procuramos simetrias onde só existem convenções. Sinceramente, é a mais pura realidade falsa. Hoje, me dei conta que as unicas palavras que troquei foram um bom dia com colegas de trabalho, e que a vontade era de discutir sobre as coisas realmente importantes, as coisas que não se pode ter nas mãos como algo concreto, as coisas que estavam além dos horizontes, a terra onde os cisnes tombam, as ânsias de todas as inquietações noturnas. Enfim, o calor das mãos...

sábado, 19 de setembro de 2009

Transcendendo...


O sol me aqueceu pela manhã. Em meio a um tempo descompassado com tudo, o sol estava lá. Percebi que havia crescido pequenas flores onde eu sempre passo. Risadas inocêntes faziam parte do cenário. Pensei, é assim que deve ser. Aquilo foi acolhedor, tudo fazia parte da ótica, e os sentidos não eram impostos por mim (pelo menos ali). Fechei os olhos, tendo o verde como a ultima impressão, era uma enorme explosão de pensamentos, imagens, anseios. Andei até o inesperado, com um sorriso de quem faz sua primeira viagem sozinho - sem nem ao menos conhecer seu destino; sem ao menos saber o que espera, só com a ânsia por algo novo. Tentei colocar as telas nas caixinhas menos empoeiradas. Mas era melhor filtrar, porque tudo era novo, e se eu lembrasse, tudo ficaria velho. Continuei a caminhar, uma senhora me sorriu sem cobrar nada - retribuí. O park parecia infinito, a água do lago me despia sem pudores, mas eu não me importava, enquanto o sol estivesse lá, tudo era nada e nada era tudo. Hoje, vi as coisas simples de números áureos, elas transcenderam a mim como se tivessem sido encenadas. E no caso, eu era o espectador. Aplaudi de pé, exibindo um sorriso com raios de satisfação...enquanto o sol descansava no horizonte.

domingo, 6 de setembro de 2009

Apresentação, definições, descontruções...


Uma tentativa frustrada de escrita regada de palavras aleatórias dispostas em uma "ordem" de estética agradável; Conjunto de sentimentos passados que nunca existiram na verdade; a ausência de sentido com cargas de impulsos sinestésicos; idealizações de coisas e lembranças desprovidas de importância; verdades falsas sobre possiveis "Déjà vu" de momentos e cenários que nunca você esteve e nunca estará; mensagens carregadas de palavras movidas pelo esmo do acaso. Em meio a tudo acontecendo à sua volta, sejam bem vindos a está longa e perplexa estrada a lugar algum.










"Perder-se também é caminho"...