"Corpus omne perseverare in statu suo quiescendi vel movendi uniformiter in directum, nisi quatenus a viribus impressis cogitur statum illum mutare", Isaac Newton.
Mais um dia, e ele se perguntava o porquê de todo o "perpetuum mobile" (moto-contínuo), enquanto comprava o jornal e o cigarro, completando com êxito mais um dia de sua rotina de trinta anos. Talvez, ele já estivesse falecido há trinta anos, mas seu corpo se manteve em inércia, cumprindo as leis do infinito e da metafísica que lhe são convencionadas. Com seus oitenta e poucos anos de pura lucidez e conformismo, era mais um dia que ele sorria condicionadamente ao jornaleiro, enquanto o mesmo entregava-lhe seu troco. Preso no grande circulo de corda infinita, que por sinal, lhe era bem confortável. Entretanto, o ar atracava-o como se fugisse de seus pulmões, sentenciando o dia atipico que viria a ter.
Ancião de todas as glorias não alcançadas e de todos os amores perdidos, que por sinal, viviram cartas empoeiradas guardadas em caixas. Depois dos cinquenta, passou a evitar relações de qualquer tipo. Ele sabia que todos iriam embora no final, quer queira, quer não. O desgaste de toda a metafísica de qualquer relação, o que consistia em conhecer, achar alguém, se interessar. fazer-lhe enteressado, brigar. Evitar o atrito, era esse o lema. Não queria mais paradoxos, não pela sua idade e sim por sua fadiga, e que sua vida já era tão cheia de curvas que mais uma seria desnecessária. Ele sabia que o que diferenciava os jovens dos velhos, não era sua disposição das coisas, nem seus traços cortandos frente ao espelho, e sim, o brilho perdido pela ânsia dos afazeres e das derrotas.
Porém, naquela manhã o dia estava intragavel, sentia uma enorme dificuldade em ser, o que consistia em: retomar, viver, sentir, permanecer lúcido. No passado, já tivera um enorme desconforto similar a esse, mas passou após uma noite de ebriez. No entanto, o dia de indagação chegara, e com ele a HORA de desatar as duas pontas que uniam o ciclo infinito de sua vida, descobrindo assim, em que parte do trageto ele realmente permaneceu.
Assentou-se no velho "sofázinho" , frente aos porta-retratos na parede. Reparando se o sorriso amarelo nas fotos eram do tempo, ou realmente seus dentes sempre foram daquela cor. Pegou o porta-retrato e viu Any, sua esposa que faleceu ainda jovem. Permaneceu um tempo com ele em mãos, depois o colocou no mesmo lugar para enfim descansar como tudo em sua casa. Em mente, a velha sensação de já ter ouvido todas as canções do mundo...
Continua...
aquela sensação...não é bem a de estar caindo, mas descendo lentamente.
ResponderExcluirAtualiza essa porra! Seu indigente! Hahahahaha
ResponderExcluir:D